domingo, 17 de setembro de 2023

REVISTA ESPÍRITA 1868 - MESSIAS DO ESPIRITISMO







Revista Espírita 1868 » Fevereiro » Instruções dos Espíritos » Os messias do Espiritismo


1. ─ Já vos foi dito que um dia todas as religiões confundir-se-ão numa mesma crença. Ora, eis como isto acontecerá. Deus dará um corpo a alguns Espíritos superiores, e eles pregarão o Evangelho puro. Um novo Cristo virá. Ele porá fim a todos os abusos que duram há tanto tempo, e reunirá os homens sob uma mesma bandeira.

Nasceu o novo Messias, e ele restabelecerá o Evangelho de Jesus Cristo. Glória ao seu poder!

Não é permitido revelar o lugar onde ele nasceu; e se alguém vier vos dizer: “Ele nasceu em tal lugar”; não acrediteis, porque ninguém o saberá antes que ele seja capaz de se revelar, e daqui até lá, é preciso que grandes coisas se realizem, para aplainar os caminhos.

Se Deus vos deixar viver bastante, vós vereis pregar o verdadeiro Evangelho de Jesus Cristo pelo novo Missionário de Deus, e uma grande mudança será feita pelas pregações desse Menino abençoado; à sua palavra poderosa, os homens de diferentes crenças dar-se-ão as mãos.

Glória a esse divino enviado, que vai restabelecer as leis mal compreendidas e mal praticadas do Cristo! Glória ao Espiritismo, que o precede e que vem esclarecer todas as coisas!

Crede, meus irmãos, que não sois senão vós que recebereis semelhantes comunicações, mas conservai esta em segredo até nova ordem.

SÃO JOSÉ.

(Sétif, Argélia, 1861)

 

OBSERVAÇÃO: Esta revelação é uma das primeiras no gênero que nos foram transmitidas. Mas outras a tinham precedido. Depois, foi dado espontaneamente um grande número de comunicações sobre o mesmo assunto, em diferentes centros espíritas da França e do estrangeiro, todas concordantes no fundo do pensamento. Como por toda parte se compreendeu a necessidade de não divulgá-las, e como nenhuma foi publicada, não podiam ser o reflexo umas das outras. É um dos mais notáveis exemplos da simultaneidade e da concordância do ensino dos Espíritos quando é chegado o momento de uma revelação.[1]

 

2 ─ Está incontestavelmente constatado que a vossa é uma época de transição e de fermentação geral; mas ela ainda não chegou àquele grau de maturidade que marca a vida das nações. É ao vigésimo século que está reservado o remanejamento da Humanidade; todas as coisas que se realizarão daqui até lá não são senão preliminares da grande renovação. O homem chamado a consumá-la ainda não está maduro para realizar sua missão, mas ele já nasceu, e sua estrela apareceu na França marcada por uma auréola e vos foi mostrada há pouco tempo, na África. Sua rota está previamente marcada. A corrupção dos costumes, as desgraças que serão a consequência do desenvolvimento das paixões, o declínio da fé religiosa, serão os sinais precursores de sua vinda.

A corrupção no seio das religiões é o sintoma de sua decadência, como é o da decadência dos povos e dos regimes políticos, porque ela é o indício de uma falta de fé verdadeira. Os homens corrompidos arrastam a Humanidade por uma rampa funesta, de onde ela não pode sair senão por uma crise violenta. Dá-se o mesmo com as religiões que substituem o culto da Divindade pelo culto do dinheiro e das honras, e que se mostram mais ávidas dos bens materiais da Terra do que dos bens espirituais do Céu.

 

FÉNELON

(Constantine, dezembro de 1861)

 

3. ─ Quando uma transformação da Humanidade deve operar-se, Deus envia em missão um Espírito capaz, por seus pensamentos e por sua inteligência superior, de dominar seus contemporâneos e de imprimir às gerações futuras as ideias necessárias para uma revolução moral civilizadora.

De tempos em tempos vemos se elevarem acima do comum dos homens, seres que, como faróis, os guiam na via do progresso e os fazem transpor em alguns anos as etapas de vários séculos. O papel de alguns é limitado a uma região ou a uma raça; são como oficiais sob comando, conduzindo cada um uma divisão do exército; mas há outros cuja missão é agir sobre a Humanidade inteira, e que não aparecem senão nas épocas mais raras que marcam a era das transformações gerais.

Jesus Cristo foi um desses enviados excepcionais. Do mesmo modo, tereis, para os tempos chegados, um Espírito superior que dirigirá o movimento de conjunto e dará uma coesão poderosa às forças esparsas do Espiritismo.

Deus sabe, no devido tempo, modificar nossas leis e nossos hábitos, e quando um fato novo se apresentar, esperai e orai, porque o Eterno nada faz que não seja segundo as leis de divina justiça que regem o Universo.

Para vós que tendes fé, e que consagrastes a vossa vida à propagação da ideia regeneradora, isto deve ser simples e justo, mas só Deus conhece aquele que está prometido. Limito-me a dizer-vos: Esperai e orai, porque o tempo é chegado e o novo Messias não vos faltará: Deus saberá designá-lo a seu tempo. Ademais, é por obras que ele se afirmara.

Podeis dedicar-vos a muitas coisas, vós que vedes tantas ideias estranhas em relação às admitidas pela civilização moderna.

BALUZE.

(Paris, 1862)

 

4 ─ Eis uma pergunta que se repete por toda parte: O Messias anunciado é a pessoa do próprio Cristo?

Ao lado de Deus estão numerosos Espíritos que chegaram ao topo da escala dos Espíritos puros, que mereceram ser iniciados em seus desígnios para dirigirem a execução. Deus escolheu entre eles os seus enviados superiores, encarregados de missões especiais. Podeis chamá-los de Cristos. É a mesma escola; são as mesmas ideias modificadas conforme os tempos.

Portanto, não fiqueis admirados de todas as comunicações que vos anunciam a vinda de um Espírito poderoso sob o nome do Cristo; é o pensamento de Deus revelado numa certa época, e que é transmitido pelo grupo dos Espíritos superiores que estão próximos de Deus e que recebem as suas emanações para presidirem o futuro dos mundos que gravitam no espaço.

Aquele que morreu na cruz tinha uma missão a cumprir, e essa missão se renova hoje por outros Espíritos desse grupo divino, que vêm, eu vo-lo repito, presidir aos destinos do vosso mundo.

Se o Messias de que falam essas comunicações não é a personalidade de Jesus, é o mesmo pensamento. É aquele que Jesus anunciou, quando disse: “Eu vos enviarei o Espírito de Verdade, que deve restabelecer todas as coisas”, isto é, reconduzir os homens à sã interpretação de seus ensinamentos, porque ele previa que os homens se desviariam do caminho que ele lhes havia traçado.

Ademais, era necessário completar o que ele então não lhes havia dito, porque não teria sido compreendido. Eis por que uma multidão de Espíritos de todas as ordens, sob a direção do Espírito de Verdade, vieram a todas as partes do mundo e a todos os povos, revelar as leis do mundo espiritual, cujo ensino Jesus havia adiado, e lançar, pelo Espiritismo, os fundamentos da nova ordem social. Quando todas as suas bases estiverem postas, então virá o Messias que deve coroar o edifício e presidir a reorganização com o auxílio dos elementos que tiverem sido preparados.

Mas não creiais que esse Messias esteja só; haverá muitos que abraçarão, pela posição que cada um ocupará no mundo, os grandes segmentos da ordem social: a política, a religião, a legislação, a fim de fazê-las concorrer para o mesmo objetivo.

Além dos Messias principais, surgirão Espíritos de escol em toda parte e que, com lugar-tenentes animados da mesma fé e do mesmo desejo, agirão de comum acordo, sob o impulso do pensamento superior.

Assim é que estabelecer-se-á pouco a pouco a harmonia do conjunto. Entretanto, é necessário que previamente se realizem certos acontecimentos.

LACORDAIRE.

(Paris, 1862)


https://www.ipeak.net/pt/6140


5. ─ Há muitos Espíritos superiores que concorrerão poderosamente à obra reorganizadora, mas nem todos são messias. Há que distinguir:

1.º ─ Os Espíritos superiores que agem livremente e por sua própria vontade;

2.º ─ Os Espíritos marcados, isto é, designados para uma importante missão. Eles têm a radiação luminosa que é o signo característico de sua superioridade. São escolhidos entre os Espíritos capazes de cumpri-las; entretanto, como têm livre-arbítrio, podem falir por falta de coragem, de perseverança ou de fé, e não estão ao abrigo dos acidentes que podem abreviar os seus dias, mas como os desígnios de Deus não estão à mercê de um homem, o que um não faz, outro é chamado a fazer. Eis por que há muitos chamados e poucos escolhidos. Feliz aquele que realiza sua missão segundo as vistas de Deus e sem desfalecimentos!

3.º ─ Os Messias, seres superiores que chegaram ao mais alto degrau da hierarquia celeste, depois de haverem atingido uma perfeição que os torna infalíveis daí por diante, e acima das fraquezas huma­nas, mesmo na encarnação. Admitidos nos conselhos do Altíssimo, eles recebem diretamente a sua palavra, que são encarregados de transmitir e fazer cumprir. Verdadeiros representantes da Divindade, cujo pensamento eles têm, é entre eles que Deus escolhe os seus enviados especiais, ou seus Messias para as grandes missões gerais, cujos detalhes de execução são confiados a outros Espíritos encarnados ou desencarnados que agem por suas ordens e sob sua inspiração.

Espíritos dessas três categorias devem concorrer no grande movimento regenerador que se opera.

(Êxtase sonambúlico; Paris, 1866)

 

6. ─ Meus amigos, venho confirmar a esperança dos altos destinos que esperam o Espiritismo. Esse glorioso futuro que vos anunciamos será realizado pela vinda de um Espírito superior que resumirá, na essência de sua perfeição, todas as doutrinas antigas e novas e que, pela autoridade de sua palavra, religará os homens às crenças novas. Semelhante ao sol nascente, ele dissipará todas as obscuridades amontoadas sobre a eterna verdade pelo fanatismo e pela inobservância dos preceitos do Cristo.

A estrela da nova crença, o futuro Messias, cresce na sombra, mas já os seus inimigos tremem, e as virtudes dos céus estão abaladas.

Perguntais se esse novo Messias é a mesma pessoa de Jesus de Nazaré. Que vos importa, se é o mesmo pensamento que os anima a ambos? São as imperfeições que dividem os Espíritos, mas quando as perfeições são iguais, nada os distingue; eles formam unidades coletivas, sem perder a sua individualidade.

O começo de todas as coisas é obscuro e vulgar; o que é pequeno cresce; nossas manifestações, a princípio acolhidas com o desdém, a violência ou a indiferença banal da curiosidade ociosa, espalharão ondas de luz sobre os cegos e os regenerarão.

Todos os grandes acontecimentos têm tido os seus profetas, ora incensados, ora ignorados. Assim como Moisés conduzia os hebreus, nós vos conduziremos para a Terra prometida da inteligência.

Similitude chocante! Os mesmos fenômenos se produzem, não mais no sentido material, destinado a ferir os homens infantis, mas na sua acepção espiritual. As crianças tornaram-se adultos; crescendo o objetivo, os exemplos não mais se dirigem aos olhos; a vara de Aarão está quebrada, e a única transformação que operamos é a de vossos corações que se tornaram atentos ao grito de amor que, do Céu, repercute na Terra.

Espíritas! Compreendei a gravidade de vossa missão; estremecei de alegria, porque não está longe a hora em que o divino enviado alegrará o mundo. Espíritas laboriosos, sede abençoados por vossos esforços e sede perdoados por vossos erros. A ignorância e a perturbação ainda vos roubam uma parte da verdade que só o celeste Mensageiro vos pode revelar por inteiro.

SÃO LUÍS.

(Paris, 1862)

 

7. ─ A vinda do Cristo trouxe para vossa Terra sentimentos que por um instante a submeteram à vontade de Deus, mas os homens, enceguecidos por suas paixões, não puderam guardar no coração o amor ao próximo, o amor ao Mestre do Céu. O enviado do Todo-Poderoso abriu à Humanidade a rota que conduz ao repouso bem-aventurado, mas a Humanidade recuou um passo imenso que o Cristo a tinha feito dar; caiu no carreiro do egoísmo, e o orgulho a fez esquecer o seu Criador.

Deus permite que ainda uma vez sua palavra seja pregada na Terra, e tereis que glorificá-lo, porque ele quis chamar-vos, como primeiros, a crer no que mais tarde será ensinado. Rejubilai-vos, porque estão próximos os tempos em que essa palavra far-se-á ouvir. Melhorai-vos, aproveitando os ensinamentos que ele permite que vos demos.

Que a árvore da fé, que neste momento fixa raízes tão vivazes, produza os seus frutos; que esses frutos amadureçam, como amadurecerá a fé que hoje anima alguns entre vós!

Sim, meus filhos, o povo comprimir-se-á sobre os passos do novo mensageiro anunciado pelo próprio Cristo, e todos virão escutar essa divina palavra, porque nela encontrarão a linguagem da verdade e o caminho da salvação. Deus, que permitiu que vos esclarecêssemos e que sustentássemos vossa marcha até hoje, permitirá que novamente vos demos as instruções que vos são necessárias.

Mas também vós, os primeiros favorecidos pela crença, tendes vossa missão a cumprir; tereis que trazer aqueles dentre vós que ainda duvidam das manifestações que Deus permite; tereis que fazer luzir aos seus olhos os benefícios daquilo que tanto vos consolou. Nos vossos dias de tristeza e abatimento, vossa crença não vos sustentou? Não fez nascer em vosso coração essa esperança que, sem ela, teríeis ficado no desencorajamento?

Eis o que é preciso fazer partilhar os que ainda não creem, não por uma precipitação intempestiva, mas com prudência e sem chocar de frente os preconceitos longamente arraigados. Não se arranca uma velha árvore de um só golpe, como um broto de erva, mas pouco a pouco.

Semeai desde já o que mais tarde quereis colher; semeai o grão que virá frutificar no terreno que tiverdes preparado, e cujos frutos vós mesmos colhereis, porque Deus levará em conta o que tiverdes feito por vossos irmãos.

LAMENNAIS.

(Havre, 1862)


 



segunda-feira, 27 de fevereiro de 2023

Romanos 7:19-24

 Porque não faço o bem que quero, mas o mal que não quero esse faço.

Ora, se eu faço o que não quero, já o não faço eu, mas o pecado que habita em mim.
Acho então esta lei em mim, que, quando quero fazer o bem, o mal está comigo.
Porque, segundo o homem interior, tenho prazer na lei de Deus;
Mas vejo nos meus membros outra lei, que batalha contra a lei do meu entendimento, e me prende debaixo da lei do pecado que está nos meus membros.
Miserável

Romanos 7:19-24





Pão nosso — Emmanuel


136


Conflito

“Acho então esta lei em mim: quando quero fazer o bem, o mal está comigo.” — Paulo. (ROMANOS, 7.21)


1 Os discípulos sinceros do Evangelho, à maneira de Paulo de Tarso, encontram grande conflito na própria natureza.

2 Quase sempre são defrontados por enormes dificuldades nos testemunhos.

 3 No instante justo, quando lhes cabe revelar a presença do Divino Companheiro no coração, eis que uma palavra, uma atitude ligeira os traem, diante da própria consciência, indicando-lhes a continuidade das antigas fraquezas.

4 A maioria experimenta sensações de vergonha e dor.

5 Alguns atribuem as quedas à influenciação de Espíritos maléficos e, geralmente, procuram o inimigo no plano exterior, quando deveriam sanar em si mesmos a causa indesejável de sintonia com o mal.

6 É indubitável que ainda nos achamos em região muito distante daquela em que possamos viver isentos de vibrações adversas, todavia, é necessário verificar a observação de Paulo, em nós próprios.

7 Enquanto o homem se mantém no gelo da indiferença ou na inquietação da teimosia, não é chamado à análise pura; entretanto, tão logo desperta para a renovação, converte-se o campo íntimo em zona de batalha.

8 Contra a aspiração bruxuleante do bem, no dia que passa, levanta-se a pesada bagagem de sombras acumuladas em nossas almas desde os séculos transcorridos. Indispensável, portanto, grande serenidade e resistência de nossa parte, a fim de que o progresso alcançado não se perca.

9 O Senhor concede-nos a claridade de Hoje para esquecermos as trevas de Ontem, preparando-nos para o Amanhã, no rumo da luz imperecível.


Emmanuel


7.19


 

sábado, 25 de fevereiro de 2023

Emersão do passado, com com Vídeo De Artur Valadares.

 


https://youtu.be/98KLZGvlBpc?t=230

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Nos domínios da mediunidade — André Luiz


22


Emersão do passado

1. Em companhia do Assistente, tornamos à segunda reunião semanal do grupo presidido pelo irmão Raul Silva, a cuja organização nosso orientador não regateava simpatia e confiança.

2 O conjunto de trabalhadores não se alterara na constituição que lhe era característica.

A pequena fila dos obsessos, todavia, apresentava modificações.

3 Duas senhoras, seguidas pelos respectivos esposos, e um cavalheiro de fisionomia fatigada integravam a equipe dos que receberiam assistência.

4 Os médiuns da casa desempenharam caridosa tarefa, emprestando as suas possibilidades para a melhoria de várias entidades transviadas na sombra e no sofrimento, com a colaboração eficiente de Dona Celina à frente do serviço.

5 Solucionados diversos problemas alusivos ao programa da noite, eis que uma das senhoras enfermas cai em pranto convulsivo, exclamando:

— Quem me socorre? Quem me socorre?!…

E comprimindo o peito com as mãos, acrescentava em tom comovedor:

— Covarde! Por que apunhalar, assim, uma indefesa mulher? Serei totalmente culpada? Meu sangue condenará seu nome infeliz…

6 Raul, com a serenidade habitual, abeirou-se dela e consolou-a, com carinho:

— Minha irmã, o perdão é o remédio que nos recompõe a alma doente… Não admita que o desespero lhe subjugue as energias!… Guardar ofensas é conservar a sombra. Esqueçamos o mal para que a luz do bem nos felicite o caminho…

7 — Olvidar? Nunca… O senhor sabe o que vem a ser uma lâmina enterrada em sua carne? Sabe o que seja a calamidade de um homem que nos suga a existência para arremessar-nos à miséria, comprazendo-se, depois disso, em derramar-nos o próprio sangue?

— Sim, sim, ninguém lhe contraria o direito à justiça, segundo as suas afirmações, entretanto, não será mais aconselhável aguardar o pronunciamento da Bondade Divina? Quem de nós estará sem mácula?

8 — Esperar, esperar?! Há quanto tempo não faço outra coisa! Em vão procuro reaver a alegria… Por mais me dedique ao trabalho de romper com o pretérito, vivo a carregar a sombra de minhas recordações, como quem traz no próprio peito o sepulcro dos sonhos mortos… Tudo por causa dele… Tudo pelo malvado que me arruinou o destino…

E a pobre criatura prorrompeu em soluços, enquanto um homem desencarnado, não longe, fitava-a com inexprimível desalento.

9 Perplexos, Hilário e eu lançamos um olhar indagador ao Assistente, que nos percebeu a estranheza, porquanto a enferma, sem a presença da mulher invisível que parecia personificar, prosseguia em aflitiva posição de sofrimento.

10 — Não vejo a entidade de quem a nossa irmã se faz intérprete, — alegou Hilário, curioso.

— Sim, — disse por minha vez; — observo em nossa vizinhança um triste companheiro desencarnado, mas se ele estivesse telepaticamente ligado à nossa amiga, decerto a mensagem definiria a palavra de um homem, sem as características femininas da lamentação que registramos… Em verdade, não notamos aqui qualquer laço magnético que nos induza a assinalar fluidos teledinâmicos sobre a mente da médium…

11 Áulus afagou a fronte da doente em lágrimas, como se lhe auscultasse o pensamento, e explicou:

— Estamos diante do passado de nossa companheira. A mágoa e o azedume, tanto quanto a personalidade supostamente exótica de que dá testemunho, tudo procede dela mesma… Ante a aproximação de antigo desafeto, que ainda a persegue de nosso Plano, revive a experiência dolorosa que lhe ocorreu, em cidade do Velho Mundo, no século passado, e entra em seguida a padecer insopitável melancolia.

12 Recomeçou a luta na carne, na presente reencarnação, possuída de novas esperanças, contudo, tão logo experimenta a visitação espiritual do antigo verdugo, que a ela se enleia, através de vigorosos laços de amor e ódio, perturba-se-lhe a vida mental, necessitada de mais ampla reeducação. É um caso no qual se faz possível a colheita de valiosos ensinamentos.

— Isso quer dizer, então…

13 A frase de Hilário ficou, porém, no ar, porque o instrutor lhe definiu o pensamento, acrescentando:

— Isso quer dizer que nossa irmã imobilizou grande coeficiente de forças do seu mundo emotivo, em torno da experiência a que nos referimos, a ponto de semelhante cristalização mental haver superado o choque biológico do renascimento no corpo físico, prosseguindo quase que intacta. Fixando-se nessa lembrança, quando instada de mais perto pelo companheiro que lhe foi irrefletido algoz, passa a comportar-se qual se estivesse ainda no passado que teima em ressuscitar. É então que se dá a conhecer como personalidade diferente, a referir-se à vida anterior.

14 Sorrindo, paternal, considerou:

— Sem dúvida, em tais momentos, é alguém que volta do pretérito a comunicar-se com o presente, porque ao influxo das recordações penosas de que se vê assaltada, centraliza todos os seus recursos mnemônicos tão somente no ponto nevrálgico em que viciou o pensamento. Para o psiquiatra comum é apenas uma candidata à insulinoterapia ou ao eletrochoque, n entretanto, para nós, é uma enferma espiritual, uma consciência torturada, exigindo amparo moral e cultural para a renovação íntima, única base sólida que lhe assegurará o reajustamento definitivo.


2. Analisei-a, com atenção, e concluí:

2 — Mediunicamente falando, vemos aqui um processo de autêntico animismo. Nossa amiga supõe encarnar uma personalidade diferente, quando apenas exterioriza o mundo de si mesma…

— Poderíamos, então, classificar o fato no quadro da mistificação inconsciente? — Interferiu Hilário, indagador.

3 Áulus meditou um minuto e ponderou:

— Muitos companheiros matriculados no serviço de implantação da Nova Era, sob a égide do Espiritismo, vêm convertendo a teoria animista num travão injustificável a lhes congelarem preciosas oportunidades de realização do bem; portanto, não nos cabe adotar como justas as palavras “mistificação inconsciente ou subconsciente” para batizar o fenômeno. 4 Na realidade, a manifestação decorre dos próprios sentimentos de nossa amiga, arrojados ao pretérito, de onde recolhe as impressões deprimentes de que se vê possuída, externando-as no meio em que se encontra. E a pobrezinha efetua isso quase na posição de perfeita sonâmbula, porquanto se concentra totalmente nas recordações que já assinalamos, como se reunisse todas as energias da memória numa simples ferida, com inteira despreocupação das responsabilidades que a reencarnação atual lhe confere. 5 Achamo-nos, por esse motivo, perante uma doente mental, requisitando-nos o maior carinho para que se recupere. Para sanar-lhe a inquietação, todavia, não nos bastam diagnósticos complicados ou meras definições técnicas no campo verbalista, se não houver o calor da assistência amiga.

6 Nosso orientador fez ligeira pausa, acariciando a enferma, e, enquanto Raul Silva continuava a doutriná-la e a consolá-la, notificou-nos, bondoso:

— Deve ser tratada com a mesma atenção que ministramos aos sofredores que se comunicam. É também um Espírito imortal, solicitando-nos concurso e entendimento para que se lhe restabeleça a harmonia. 7 A ideia de mistificação talvez nos impelisse a desrespeitosa atitude, diante do seu padecimento moral. Por isso, nessas circunstâncias, é preciso armar o coração de amor, a fim de que possamos auxiliar e compreender. 8 Um doutrinador sem tato fraterno apenas lhe agravaria o problema, porque, a pretexto de servir à verdade, talvez lhe impusesse corretivo inoportuno ao invés de socorro providencial. Primeiro, é preciso remover o mal, para depois fortificar a vítima na sua própria defesa… 9 Felizmente, o nosso Raul assimila as correntes espirituais que prevalecem aqui, tornando-se o enfermeiro ideal para as situações dessa ordem.

10 Hilário, tanto quanto eu, edificado com os ensinamentos ouvidos, perguntou respeitoso:

— E podemos considerá-la médium, mesmo assim?

— Como não? Um vaso defeituoso pode ser consertado e restituído ao serviço. 11 Naturalmente, agora a paciência e a caridade necessitam agir para salvá-la. Nossa irmã deve ser ouvida na posição em que se revela, como sendo em tudo a desventurada mulher de outro tempo, e recebida por nós nessa base, para que use o remédio moral que lhe estendemos, desligando-se enfim do passado… 12 O assunto não comporta desmentido, porque indiscutivelmente essa mulher existe ainda nela mesma. A personalidade antiga não foi tão eclipsada pela matéria densa como seria de desejar. Ela renasceu pela carne, sem renovar-se em espírito…

13 O Assistente fixou o gesto de quem mergulhava na própria consciência a sonda de suas reflexões e falou, qual se o fizesse de si para consigo:

— Ela representa milhares de criaturas aos nossos olhos!… Quantos mendigos arrastam na Terra o esburacado manto da fidalguia efêmera que envergaram outrora! Quantos escravos da necessidade e da dor trazem consigo a vaidade e o orgulho dos poderosos senhores que já foram em outras épocas!… 14 Quantas almas conduzidas à ligação consanguínea caminham do berço ao túmulo, transportando quistos invisíveis de aversão e ódio aos próprios parentes, que lhes foram duros adversários em existências pregressas!… Todos podemos cair em semelhantes estados se não aprendemos a cultivar o esquecimento do mal, em marcha incessante com o bem…

15 Nessa altura, Raul Silva, na condição de hábil psicólogo, convidou a doente ao benefício da prece.

Competia-lhe a ela suplicar ao Céu a graça do olvido. Cabia-lhe expungir o passado da imaginação, de maneira a pacificar-se. E, singularmente comovido, recomendou-lhe repetir em companhia dele as frases sublimes da oração dominical.

A pobre senhora acompanhou-o docilmente.

Ao término da súplica, mostrava-se mais tranquila.

16 O prestimoso amigo, traduzindo a colaboração do mentor que o acompanhava, solícito, rogou-lhe considerar, acima de tudo, o impositivo do perdão aos inimigos para a reconquista da paz e, em lágrimas, a enferma desligou-se das impressões que a imobilizavam no pretérito, tornando à posição normal.

17 Enquanto Silva lhe aplicava passes de reconforto, o Assistente comentou:

— Outra não pode ser, por enquanto, a intervenção assistencial em seu benefício. Pela enfermagem espiritual bem conduzida, reajustar-se-á pouco a pouco, retomando o império sobre si mesma e capacitando-se para o desempenho de valiosas tarefas mediúnicas mais tarde.

18 Estimaríamos a possibilidade de continuar analisando o caso sob nossa vista, contudo, a outra senhora doente passou de improviso ao transe agitado e era preciso estudar, fazendo o melhor.


André Luiz


sábado, 18 de fevereiro de 2023

FIDELIDADE

 Fidelidade


Precisamos sim, sermos fiéis a nós mesmos

Naquilo que pretendemos  ser nessa vida,

nesse estágio que vivemos hoje

muitas vezes por qualquer motivo nos desviamos,

é um local diferente  que estamos, 

são condições diferentes que se apresentam,

enfim são muitas desculpas que nos fazem desviar  de nossos objetivos,

não somos experimentos de uma pesquisa que altera os fatores para se  obter resultados,

nada disso somos seres que conduzem nossas  naus 

e precisamos estar com atentos as nossas reações

se queremos caminhar com o Cristo 

devemos ter nossas reações pautadas

em seus ensinamentos  sempre,

mas não é simples assim,

existe o querer e o que somos,

por isso importante diminuir essa distância diariamente

procuremos ser fiéis a esse Amor 

que pretendemos ter pelo Cristo e pelo Pai em nossas vidas.

assim seja.


Encontrei essa mensagem com mesmo nome no meio espírita.


fidelidade


Fidelidade é norma do homem de Bem, por trazer segurança para os que o cercam; por isso é sempre uma companhia agradável para todos.


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Quem é fiel ao Senhor, encontra sempre paz onde respira.


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Tem afeição para todos, para que todos te amem e te alegrem.


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Sê pontual nos teus compromissos, que a tua consciência não te acusará.


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Quem busca a serenidade, não deve cruzar os braços no bem comum, porque toda paz é trabalho de coletividade, sob as bênçãos de Deus.


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Honra a vida onde estiveres, que a vida te responderá onde quer que sejas.


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Sê como o frescor da neve em época certa, e como a chuva branda nos lugares que o Senhor deseja.


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Busca a fé pelos meios que Jesus ensinou, porque ninguém vive sem ela; quanto mais cresce na confiança, mais tranquilidade haverá no coração.


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Sê constante na tua educação e permanente na instrução, para que nasça em ti as asas da libertação espiritual

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Confere os teus valores todos os dias, e vê o que tens de reparar; não esqueças de ajudar a ti mesmo com alegria e amor.


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Fidelidade com Deus, é entender Jesus nos caminhos percorridos por Ele.

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Carlos

João Nunes Maia




terça-feira, 31 de janeiro de 2023

VIAGEM ASTRAL

PESQUISA -  3101

https://www.youtube.com/watch?v=wk01L9d9QEw


A SELEÇÃO 


Os demais candidatos merecem o nosso maior respeito pelo que realizaram nos bastidores de trabalhos espirituais. Todos são sensitivos pertencentes a quase todas as religiões e, uns poucos, fora delas. Esses Espíritos já foram selecionados de uma lista de mais de mil companheiros encarnados, fichados nos nossos arquivos de trabalhos, onde Jesus não pode ficar esquecido nas consultas diárias. Se o Mestre de Nazaré é muito lembrado na Terra, em quase todos os templos, aqui no plano que habitamos Ele é o próprio ar que respiramos, como alimento e vida.


07/02/23

OS DOIS DOADORES

O Espírito, quando lhe falta determinada evolução, teme mais a reencarnação do que mesmo a morte, quando está no corpo físico.

https://www.youtube.com/watch?v=iBH1AYXnFhs


À PROCURA DE ALGUÉM


Entabulamos, então, uma conversação proveitosa por muito tempo, estudando os meios mais corretos de arrebanhar trabalhadores para o serviço de Nosso Senhor Jesus Cristo, cuja vinha é imensa, havendo lugar e trabalho para todos, cada um na sua especialidade, para que o todo se harmonize. Alguns pessimistas na Terra, acham que está havendo uma inversão de valores, no entanto, podemos afirmar que tudo isso é aparente. A lei não permite a regressão do divino para o humano e quem já subiu pode descer somente em missão de ensinar, nunca se esquecendo do que sabe.


O grupo de trabalhadores a que pertencemos está empenhado em libertar o homem, reforçando a nossa liberdade também. Quando o encarnado abrir os braços, naquela emoção tão esperada dos princípios da libertação, ser-nos-á motivo de muita alegria, porque é certo que os valores exteriores nos dão uma compensação grandiosa para a vida, todavia, a realidade para nós é o mundo interno. Quando alcançarmos a harmonia interior, a serenidade imperturbável, teremos encontrado a chave da felicidade, porque atraímos do mundo exterior de acordo com o que somos por dentro. Neste porte de entendimento, ninguém engana a lei do semelhante buscar o semelhante.


Às vezes, encontramos alunos de muita capacidade intelectual, com a mente acentuada nas letras, na ciência, na filosofia e, por vezes, conhecedores de todas religiões, mas cujos sentimentos vibram longe do que afirmam. Estão, ainda, hipnotizados por idéias inferiores que os prendem às trevas; usam da capacidade de que dispõem, da força espiritual, para conquistarem os monstros criados por eles mesmos e se amarram com Espíritos malfeitores que os deixam atordoados nos seus caminhos.

No nosso campo de aprendizado, as principais coisas são obediência, trabalho e amor em tudo o que pretendemos fazer.

https://www.youtube.com/watch?v=aFOGKy82eL4



A TERRA - 14/02/21

https://www.youtube.com/watch?v=q4vjTDv4h44

Existem muitos segredos ainda para serem descobertos, referentes à Terra. 

As previsões dos homens de ciência, de que no futuro ninguém poderá mais viver na Terra, por faltar isso ou aquilo para as condições de vida, não devem ser consideradas. Já foi previsto para nada faltar aos seres viventes, dentro do necessário. Ela pode receber cinco, dez ou vinte bilhões de pessoas que todos poderão viver em paz, desde quando o amor direcione todos os pendores dos Espíritos reencarnados.

Vamos falar da Terra, esse Jardim do Éden que o Senhor nos deu como moradia. O planeta que Ele nos empresta como casa benfeitora é uma cópia do corpo humano, ou esse é que é uma cópia aperfeiçoada da Terra: O corpo humano tem veias onde se faz a circulação do sangue; a Terra tem os rios, por onde circulam as águas. O corpo humano é formado por mais de 70 % de água; a Terra mantém a mesma proporção. O corpo humano tem uma atmosfera que o circunda; a Terra tem sua própria atmosfera, que a protege. O corpo humano tem um coração que pulsa dentro do peito; 36 a Terra tem um coração ígneo que borbulha no seu íntimo. O corpo humano tem muitos meridianos, por onde transitam as energias; a Terra tem seus meridianos, onde circulam muitas forças. O corpo humano tem seus centros de força; a Terra, igualmente, tem suas aglomerações energéticas. O corpo humano tem um aglomerado de poros, com vários objetivos; a Terra tem os mesmos processos nas primeiras camadas que a cobrem. Descem do mundo astral irradiações cósmicas que são filtradas pelo centro de força do agregado físico;